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O empreendedorismo feminino volta a crescer e os velhos desafios permanecem


Será que o empreendedorismo feminino foimuito afetado pela pandemia ou será que já voltou a crescer?

Março, maio e novembro são meses nos quais, inevitavelmente, os assuntos

relacionados ao universo feminino ficam em alta em todos os tipos de mídia. Dia

Internacional da Mulher, Dia das Mães e Dia do Empreendedorismo Feminino são datas

importantes e que nos convidam a celebrações, mas também a ações que vão além do

Comercial.


Os desafios das mulheres são diários e muitos são velhos conhecidos. Nos últimos cem

anos tivemos muitos avanços. As mudanças culturais popularizadas pelas artes, as

invenções que vieram para facilitar o dia a dia e principalmente a chegada de novos

métodos contraceptivos deram a um grupo de mulheres maior poder de escolha sobre o

que fazer com a sua vida e como utilizar seu próprio tempo.


E, graças a muitas mulheres que foram e que são incansáveis em fazer as vozes

femininas serem ouvidas, em 2022 o Brasil pode se orgulhar de ter 30 milhões de

mulheres empreendedoras. Os dados são do SEBRAE e apontam que ocupamos o 7º

lugar no ranking internacional de países com maior número de empreendedores do sexo

Feminino!


Precisamos celebrar cada uma dessas conquistas históricas sem perder de vista o fato de

que ainda há muito a ser feito para garantir que as futuras gerações vivam num mundo

com equidade. E que, ainda que cada vez mais mulheres consigam enxergar dentro de si

as habilidades necessárias para empreender e que estejam indo em busca de melhor

qualidade de vida por meio do empreendedorismo, os desafios que elas enfrentam

perduram na longa duração da história do nosso país.


E o principal deles continua sendo a dupla jornada. Isso se deve a dois fatores que

demandam a nossa atenção para uma tentativa de solução.


Hoje, em pleno século XXI, o machismo estrutural ainda existe e o peso do patriarcado

recai sobre as costas das mulheres. Isso impõe limites a muitos negócios femininos.

Para a sociedade, as mulheres são livres para empreender, mas o desde que continua

existindo. A norma velada continua sendo: a mulher é livre para empreender desde que

seja uma boa mãe e dê conta da casa.


Será que a pandemia trouxe alguma mudança para o empreendedorismo feminino?


Pequenos negócios, sobretudo os que surgiram na realidade pandêmica e puderam se

beneficiar da normatização das estruturas e de equipes remotas permitem que as

mulheres possam empreender sem perder o privilégio de acompanhar de perto o

crescimento dos filhos.


Digo privilégio porque é muito comum ver mães se sentindo tristes e culpadas ao deixar

seus filhos para cuidar de seus negócios e carreiras. Esse é o outro lado da moeda do

Patriarcado.


Não se trata apenas de empurrar para a mulher a responsabilidade exclusiva do cuidado

com a casa e com a família e ela aceitar. Se trata também desse sentimento de culpa e da

autocobrança por uma perfeição inatingível em todos os papéis que essa mulher desempenha.


É inegável que os modelos de negócios surgidos na pandemia e a crescente

popularização dos negócios digitais, permitem que a mulher que empreende em home

office possa dispor de liberdade de tempo para estar presente na vida dos filhos. O

grande desafio aí é não deixar que as demandas da casa e dos filhos consumam a maior

parte do seu tempo.


As dinâmicas familiares que existiam antes do negócio surgir podiam funcionar, mas

certamente precisarão ser revisadas. Empreender com o tempo que sobra só é aceitável

num estágio muito inicial, quando se ainda está fazendo a transição da CLT para o

empreendedorismo. Ou quando se empreende para complementar renda.


Além de ser um formato exaustivo, para um negócio crescer e dar suporte ao seu estilo

de vida, é preciso dedicação de tempo e energia, planejamento e cuidado, ação e revisão

dos resultados para possíveis ajustes, foco e disciplina. A rotina e a mentalidade de uma

empreendedora faz toda a diferença no sucesso do negócio.


O que fazer para contornar essa situação?


Não tenha medo de pedir ajuda, de assumir que você não dá conta de tudo sozinha nem

de revisar os acordos familiares. Faça uma lista de responsabilidades que cada um tem

dentro de casa e negocie o que pode ser redistribuído entre os membros da família para

que você possa abrir espaço na sua agenda para cuidar do seu negócio.


Quando for revisar os acordos e estabelecer os novos, lembre-se de usar uma

comunicação empática ao invés de culpar os outros ou só reclamar. Quando nos

comunicamos com críticas não conseguimos a colaboração que tanto esperamos, apenas

resistência e autodefesa. Então, seja congruente com a sua intenção e deixe isso refletir

na sua fala e no seu comportamento.


Se você não tem uma rede de apoio, abra mão do perfeccionismo e entenda que, por

algum tempo, determinadas tarefas de casa ficarão inacabadas. A casa terá um pouco

mais de poeira e de bagunça. A pilha de roupa suja demorará mais a ficar limpa e

passada. A louça vai dormir suja na pia e você não vai perder o sono por isso.


Lembre-se que isso é temporário e que quando seu negócio crescer você poderá investir

numa rede de apoio, contratando profissionais e serviços para facilitar o seu dia a dia,

permitindo que você descentralize algumas tarefas.


E, o mais importante, escolha se dar amor e acolhimento ao invés de se dar críticas e

punições. Empreender não é uma jornada fácil para ninguém. E, para nós mulheres, o

ponto de partida é sempre diferente.


Você vai errar no seu caminho. Você vai ter que deixar algumas coisas em segundo

plano. Você vai ter que aprender a dizer não. Você, infelizmente, vai ser julgada e

questionada. Mas não permita que esse julgamento e esse questionamento partam de

você.


Seja você a sua rede de apoio e o seu porto seguro. Celebre cada uma de suas

conquistas, mesmo as pequenas. Afirme sempre que você está fazendo o melhor que

você pode com aquilo que você tem hoje. Inclua pequenos gestos de autoamor e

autocuidado na sua rotina. Separe um tempo só para você. O tempo para o

relacionamento e o tempo para os filhos não são um tempo para você, por mais que isso

seja prazeroso e essencial. Lembre-se sempre do seu porquê. Assim você se sentirá mais

feliz e confiante e verá o quanto a sua culpa e a busca pela perfeição ficarão bem

disciplinadas.

 
 
 

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